MODELIZAÇÃO CONCEITUAL:
UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE DE MODELAGEM COMO ESTRATÉGIA COGNITIVA PARA
CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO
Dra Solange Capaverde Santos
UFRGS
– FAPERGS
solverde@vortex.ufrgs.br
Resumo: A partir de conceituação teórica apresenta-se o resultado do trabalho
desenvolvido na disciplina Estratégias Cognitivas II, do Programa de
Pós-Graduação em Informática na Educação da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (PGIE/UFRGS), por um grupo de alunos de doutorado, constituídos de forma
interdisciplinar. Utilizando o software Cmaps Tools IHMC Concept Map foram desenvolvidos Mapas Conceituais
individuais e colaborativos com o objetivo de observar o processo de construção
e apropriação do conhecimento.
Palavras-chave: Modelização conceitual; Mapa Conceitual;
Aprendizagem; Trabalho colaborativo; CmapTools; Construção do
conhecimento; Apropriação do conhecimento.
Natureza do trabalho: relatório de pesquisa.
Tema: Planejamento, Elaboração e Avaliação de Materiais
didáticos para Educação à Distância.
1 INTRODUÇÃO
A origem deste
relato foi o resultado do trabalho desenvolvido na disciplina Estratégias
Cognitivas II, do Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGIE/UFRGS). O grupo, formado por
cinco pesquisadores, constituiu-se de forma interdisciplinar, envolvendo
diferentes áreas do conhecimento. A proposta da disciplina foi a elaboração de
Mapas Conceituais sobre temas variados, desenvolvidos tanto de forma individual
como de forma colaborativa, resultado da compreensão de que produtos assim
gerados apresentariam um grau maior de riqueza intelectual e permitiriam melhor
exposição e apreensão do conhecimento produzido pelo grupo.
A ferramenta
pedagógica utilizada para a construção dos Mapas Conceituais foi o software Cmaps Tools IHMC Concept Map, desenvolvido
pelo Institute of Human and Machine Cognition, da UWF (Universidade de
West Florida) e cedido para utilização dos alunos da UFRGS mediante acordo
entre servidor e cliente.
2 MAPAS
CONCEITUAIS
A utilização de Mapas Conceituais
envolve a técnica de representar conhecimento através de grafos na forma de uma
rede de conceitos. Tal rede constitui-se de nós e links, onde os nós
representam os conceitos e as ligações, as relações entre eles.
Novak (2001, p. 1) define conceito como “uma regularidade
percebida em eventos ou objetos, ou gravações de eventos ou objetos,
identificados por um rótulo”. A maioria dos conceitos, em sua teoria, é
representada por uma palavra ou um símbolo. Um evento significa um acontecimento
natural ou provocado. Para este autor, proposição envolve relações
significativas entre conceitos, ou seja, uma unidade semântica formada pela
ligação entre dois ou mais termos conceituais. A psicologia da aprendizagem
proposta por David Ausubel tem como idéia fundamental pressupostos da
Psicologia Cognitiva de que a aprendizagem ocorre por assimilação de novos
conceitos e proposições sobre proposições conceituais já existentes no
aprendiz. A questão fundamental seria relativa a como se origina o primeiro
conceito. Esta discussão tem envolvido pesquisadores das Ciências Cognitivas e
de outras ciências anteriores a ela. É um assunto de extrema importância, mas
que não faz parte dos propósitos desta investigação, que considera que o
indivíduo já realizou múltiplas aquisições, mediadas pelos mais diversos
instrumentos que permitem a aprendizagem, sendo um deles, os Mapas Conceituais.
Os Mapas
Conceituais podem ser construídos de forma uni, bi ou multidimensional. O
formato unidimensional obedece a um encadeamento linear de conceitos e
limita-se a uma associação seqüencial de idéias. O formato bidimensional, usado
pelo grupo neste estudo, permite categorizar conceitos e ligações, produzindo
associações das mais simples às mais específicas, bem como organizando a
representação em categorias relacionadas de forma causal ou temporal. Os
formatos de hipertextos, possibilitados pela internet, apresentam-se de forma
multidimensional.
Para Novak (1996)
um Mapa Conceitual constitui-se em um conjunto de conceitos inter-relacionados,
segundo uma estrutura hierárquica proposicional e permite, através de recursos
gráficos, enfatizar as relações mais importantes entre conceitos. Considera-se
um Mapa Conceitual uma maneira alternativa de estruturar e representar informações
de forma relacional e modular, integrando e inter-relacionando conceitos,
identificando protótipos, semiotizando o percurso que conduziu à sua
construção.
Ausubel (1963)
considera que os Mapas Conceituais podem ser utilizados como instrumentos para
promover a diferenciação conceitual progressiva, bem como a reconciliação
integrativa. Isto significa que cada indivíduo vai utilizando sua bagagem
cultural, reelaborando significantes e significados, realizando as relações
necessárias para dar sentido aos acontecimentos ou objetos específicos de um
dado cenário que envolva a construção de conceitos. Um mapa conceitual pode
também ser pensado como uma ferramenta para negociar significados, o que é
feito através de proposições – dois ou mais conceitos ligados por palavras em
uma unidade semântica – que expressam significados atribuídos às relações entre
conceitos.
Amoretti e Tarouco
(2000) apresentam as propriedades básicas que caracterizam os Mapas
Conceituais, onde a forma de representar determinado conhecimento
fundamenta-se: na tipicalidade dos
conceitos envolvidos – realçando a representatividade dos mesmos para o grupo
cultural que o está empregando; no nível
de abstração envolvido na categorização das informações – pela estruturação
hierárquica de conceitos que permite associações, disposição em classes e
sub-classes e identificação de suas propriedades, a partir de conceitos
prototípicos; na flexibilidade na
modelagem de fenômenos cognitivos – onde a rede que constitui o mapa simula
a cognição humana, por associações entre propriedades de conceitos que permitem
uma representação aberta do conhecimento; na presença dos planos inferencial e referencial – onde os
conhecimentos são hierarquizados nesta representação, através de um componente
terminológico e um componente lógico, que permitem transitar semiologicamente
através do mapa conceitual.
Para a semiótica,
o sistema cognitivo apresenta-se em um cenário constituído por objetos em um
dado ambiente. Objetos estes caracterizados por suas propriedades que são
variáveis: podem ser criados, destruídos, alterados e representados. Portanto,
o sistema cognitivo pode ser encarado como um sistema que admite uma unidade de
entrada de informações que caracterizam um objeto e, através de representações,
modela-o. A dinamicidade deste modelo interno do sistema cognitivo permite
alterações nos atributos, bem como a inclusão e a exclusão de objetos. A saída
de objetos do sistema cognitivo se dá através de uma unidade – interface – e
permitem atuar sobre o meio externo, transformando-o. Esta transformação inclui
modificações planejadas e desenvolvidas pelo sistema cognitivo ao dar
significação aos objetos enquanto processados em suas unidades internas
semiotizadas.
Aprender sobre a
natureza e a estrutura do conhecimento permite aos aprendizes perceber como
aprendem, e, assim, desenvolver estratégias cognitivas para a construção de
novos conhecimentos. Aprendizagem e conhecimento diferem em sua conceituação.
Novak e Gowin (1996, p.21) colocam que “A
aprendizagem é pessoal e idiossincrática; o conhecimento é público e
compartilhado”, de modo que a construção colaborativa de mapas conceituais
representa uma estratégia cognitiva, disponível aos educadores em seus
ambientes de aprendizagem, capaz de promover a integração de idéias através de
ações colaborativas e cooperativas, respeitando as individualidades de cada um,
com vistas ao fortalecimento do coletivo. Isto significa a valorização da
inteligência coletiva e distribuída.
As contribuições
individuais mesclam-se, como resultado da reflexão sobre cada proposição
decorrente do reconhecimento de novas relações que emergem do coletivo. Neste
caso, a aprendizagem significativa pressupõe que novos conceitos são subsumidos
por outros mais amplos, mais inclusivos, o que conduz à hierarquização dos
mapas conceituais, onde à medida que os conceitos vão se tornando mais
específicos, menos inclusivos, vão ocupando níveis mais inferiores em um Mapa
Conceitual. Na disciplina de Estratégias Cognitivas II adotou-se o modelo de
Mapa Conceitual, constituído por uma coluna central – Eixo das Categorias
– com categorias dispostas em níveis hierárquicos decrescentes e por colunas
laterais, onde são colocadas características e/ou propriedades associadas a
cada conceito. Um exemplo desta estrutura pode ser visto na Figura 1, produzida
sobre o tema Memória Dinâmica, proposto por Schank (1999). Outro está
representado na Figura 2, realizada colaborativamente pelo grupo de
pesquisadores, sobre o tema Lembranças, abordado por Schank (1999).
Estas produções permitiram ao grupo expor representações explícitas e
manifestas de conceitos e proposições próprias que foram reelaboradas pela
troca de idéias e negociação de significados cognitivos, que implicaram em
reflexões, diálogos, trocas, compartilhamento e consenso na elaboração de
conceitos e de palavras de ligação. Conceitos e palavras de ligação, embora
sejam ambos importantes figuras de linguagem, assumem diferentes papéis na
constituição de significados.
Figura 1 – Mapa
Conceitual sobre Memória Dinâmica, de Schank (1999).
Figura 2 – Mapa Conceitual produzido
colaborativamente, com base no Capítulo 2, de Schank (1999)
Os exemplos
anteriores permitem observar que, nos Mapas Conceituais, os nós – conceitos – e
os links são rotulados e direcionados para categorias por relações
causais ou temporais. Tais mapas podem servir para os mais diversos propósitos:
como gerador de idéias (brain storming); para fazer o design de
idéias complexas ou para comunicá-las; como auxiliar na aprendizagem ao
permitir visualizar a integração entre novos e antigos conhecimentos; para
acessar a compreensão de uma seqüência de conceitos e suas relações; para
diagnosticar metacompreensão de alguns temas, entre outras possibilidades que a
criatividade dos aprendizes – educadores e educandos – poderá produzir,
promovendo a aprendizagem pela assimilação de novos conceitos e proposições em
estruturas cognitivas já existentes. Um Mapa Mental é único e particular de um
indivíduo, e pode ser representado por mais de um Mapa Conceitual. Considera-se
oportuno fazer esta colocação, pois se encontram, na literatura consultada,
algumas controvérsias relativas a estes dois conceitos.
Durante o
aprendizado de construir Mapas Conceituais, deve-se iniciar com uma área de
conhecimento que seja bem familiar, pois as estruturas hierárquicas destes
mapas dependem do contexto onde serão usados. O problema ou questão particular
a aprender deve pertencer a um domínio delimitado, onde serão identificados os
conceitos-chave aplicáveis ao domínio, listados e ordenados do mais geral ao
mais específico. Este é o processo que permitirá a construção de um mapa
preliminar, que poderá passar por refinamentos, até traduzir corretamente os
conceitos e as proposições enfocadas. O processo de construção de Mapas
Conceituais pode ser utilizado como uma poderosa ferramenta de avaliação da
performance cognitiva do aprendiz, bem como um facilitador da aprendizagem
colaborativa, como foi possível constatar no decurso deste fazer investigatório
ou, ainda, como um modo de sumarizar conhecimentos adquiridos pelos aprendizes
sobre um dado assunto.
Como auxiliar do
processo de construção de Mapas Conceituais, pode-se utilizar um software
computacional para facilitar os procedimentos de reconstrução, já que, a partir
do momento em que se passa a utilizar estes mapas, percebe-se que eles nunca
estarão completamente acabados. Isto se justifica no momento que se observa que
nosso olhar não será o mesmo a cada vez que o dirigirmos ao mapa produzido. O
mapa “final” poderá incluir links cruzados que relacionam
diferentes domínios do conhecimento. Para tanto, faz-se necessário identificar,
com clareza, as palavras de ligação que conectam os conceitos.
Os Mapas
Conceituais permitem uma interface elegante e fácil de compreender para navegar
em um sistema multimídia. Quando o usuário está familiarizado com a estrutura
hierarquizada destes mapas, ele poderá selecionar, em cada nó, um menu de
ícones, relacionados ao conceito do nó e nos mais diversos meios, tais como:
textos, áudio, vídeo, imagens ou outros Mapas Conceituais. Este tipo de
navegação, orientada por um Mapa Conceitual, aparece como a solução que elimina
o problema “lost in cyberspace”, tão comum em sistemas multimídia e na
navegação na Web, por incluir ligações bem definidas, relacionando conceitos e
proposições.
3 PRODUÇÃO COLABORATIVA DE
MAPAS CONCEITUAIS
Sabe-se que, em educação, o modelo de "transferência
de conhecimento", na qual o professor se apresenta diversas vezes
frente a um grupo de estudantes e transmite suas lições de forma presencial,
mostra-se cada vez menos efetivo. As novas tecnologias e as novas formas de
trabalho estão exigindo mais interação e colaboração, sendo estes os aspectos
que podem ter maior impacto na educação. O desenvolvimento de ambientes nos
quais os estudantes possam interagir e colaborar para a construção de seu
conhecimento é um processo recente. Na construção de mapas conceituais são
múltiplas as possibilidades de colaboração. Para Cañas (1998), construir um
mapa é uma atividade cognitiva que viabiliza ao estudante criar uma variação do
mapa de outro estudante, possibilitando comparar as diferenças entre ambos. O
contraste de modelos de conhecimento pode levar ã discussões interessantes. Por
outro lado, o sistema deve permitir que os estudantes contruam, publiquem e
compartilhem os seus próprios modelos, permitindo que outros possam interagir
sobre os modelos dos demais. Neste sentido, Amoretti e Tarouco (2000) afirmam:
"Na interação com o software o estudante tem um grande envolvimento
pessoal na aprendizagem constituindo por estas características, uma pedagogia
ativa, na qual os alunos podem elaborar suas conclusões sobre determinado
conhecimento a partir da criação de mapas conceituais individuais".
Com o intuito de organizar, classificar e categorizar
os conceitos comuns através de protótipos que visam a representação de uma
categoria, construída ou não por similaridade ideológica usou-se, como
ferramenta pedagógica, o CMap Tools IHMC Concept Map Software,
desenvolvido pelo Institute for Human and Machine Cognition, da
Universidade de West Florida (UWF). O uso de tal ferramenta evidenciou desvios
cognitivos, também presentes em cada uma das representações individuais,
conduzindo a um processo de discussão, aceitação e reconstrução do conhecimento
anterior, no momento de transformação do mapa individual em colaborativo. Este
reconstruir, dentro desta troca coletiva de saberes, identifica a idéia de que
os mapas conceituais são usados para ajudar os estudantes a "aprender
como aprender", tornado evidentes as estruturas cognitivas e o
conhecimento auto-construído, relatado por Cañas et al. (1999).
Neste sentido, o mesmo autor afirma que na construção
deste tipo de projetos por estudantes o enfoque construtivista enfatiza a
construção de um novo conhecimento e maneiras de pensar mediante a exploração e
a manipulação ativa de objetos e idéias, tanto abstratas quanto concretas.
Outro aspecto que se identifica é que o mapa colaborativo leva a contaminação
de um sujeito pelo outro. Esta situação foi perfeitamente percebida na medida
em que o mapa individual, transformado em coletivo, trouxe acréscimos de níveis
e categorias, bem como o enriquecimento do número de propriedades vinculadas a
cada conceito. A soma dos saberes individuais transformou o conhecimento
coletivo. Os estereótipos - dimensão cognitiva do pré-conceito – mostraram-se
presentes nos mapas colaborativos. A visão estereotipada, pré-concebida,
parcial, a partir da percepção cultural é percebida na semelhança mostrada nos
atributos escolhidos individualmente e compartilhadas pelo grupo. Nesta
experiência o grupo vivenciou a criação de um mapa individual, no qual utilizou
seus conhecimentos pessoais, sua similaridade ideológica e seus esteriotipos
para compor uma primeira figura e, posteriormente, teve que compartilhar este
conhecimento com os demais, discutir seus estereótipos e negociar os desvios
cognitivos para o estabelecimento do mapa colaborativo.
O sujeito, enquanto indivíduo, age de forma similar
quando se trata de estratégia cognitiva. Para apropriar-se do conhecimento ele
decide qual script é relevante para aquele uso específico, traçando um
plano onde a tática permite que chegue aos objetivos visados. A tática, por sua
vez, é um esquema mental consciente, envolvendo competências passionais,
cognitivas e motoras, que resulta numa ação, desencadeando as operações
julgadas necessárias para a consecução do objetivo. Também, similarmente às
bibliotecas e sistemas de informação, a repetição das situações tornará os
esquemas mentais e scripts cada vez mais elaborados permitindo, cada vez
com maior facilidade, que as estratégias cognitivas transformem informação em
conhecimento. Muda-se, desta forma o paradigma de "transferência de
conhecimento" para o de "construção e apropriação de
conhecimento".
4
CONCLUSÃO
Sabe-se
que as Ciências Cognitivas têm como objeto de estudo os processos gerais que
regem o tratamento da informação, a percepção, o armazenamento, a recuperação e
a utilização da informação, bem como as formas como se organizam as
representações das atividades no tratamento da informação. A organização
conceitual, que está diretamente relacionada com a capacidade de aprender,
supõe a assimilação de novas informações, sua estocagem e sua acomodação. A
percepção, o raciocínio, a aprendizagem, a linguagem, a comunicação, a
organização conceitual e a ação finalizada, são aspectos que fazem parte das
Ciências Cognitivas. Uma ferramenta eficaz que pode ser adotada para
desenvolver estes estudos dentro das Ciências Cognitivas é os Mapas
Conceituais. A representação do conhecimento, sob a forma de Mapas Conceituais,
é uma maneira alternativa de estruturar a informação.
Para Amoretti
et al. (2000, p. 106),
... no mapa conceitual o
conhecimento é representado sob a forma de conceitos organizados de forma
relacional e modular, em classes e subclasses em que os nós, arquétipos
cognitivos ou protótipos integram os actantes e seus atributos. Desta forma, o
protótipo é uma representação mental de um exemplar de uma categoria de
estímulos que visa a representação de um exemplar genérico a um determinado
grupo social.
Observa-se,
portanto, que os Mapas Conceituais podem ser usados como um instrumento que se
aplica a diversas áreas e níveis do ensino e da aprendizagem, como planejamento
de currículos, sistemas, pesquisas em educação e projetos interdisciplinares.
No entender de Amoretti et al. (2000, p. 106)
... o uso de Mapas Conceituais
na educação está baseada na idéia fundamental da Psicologia Cognitiva de
Ausubel que estabelece que a aprendizagem ocorre por assimilação de novos
conceitos e proposições na estrutura cognitiva do aluno. Novas idéias e
informações são aprendidas, na medida em que existem pontos de ancoragem.
Aprendizagem implica em modificações na estrutura cognitiva e não apenas em
acréscimos.
Cultura, mentalidade e expectativa de qualquer pessoa são
frutos de uma história vivida no seio de uma ou várias famílias, resultado de
sua participação dentro de grupos sociais, étnicos, de gênero, de
condicionamentos geográficos, históricos, biológicos. Por isto, para compreender qualquer fenômeno
social, é imprescindível levar em consideração informações relativas a todas
estas dimensões e áreas do conhecimento, de forma
inter-relacionada e integrada. Nesta
perspectiva, pressupõe-se que o indivíduo constrói seu conhecimento partindo da
sua predisposição afetiva e seus acertos individuais.
Neste
contexto, os Mapas Conceituais tornam significativa a aprendizagem do sujeito,
que transforma o conhecimento multidimensional sistematizado em conteúdo
curricular, estabelecendo ligações deste novo conhecimento com os conceitos
multidisciplinares relevantes que já possui. É o que afirma Amoretti (2001)
quando expressa:
... os conceitos ficam
armazenados na memória de longo prazo, refletindo as experiências vividas pelo
sujeito ao longo da sua vida. São esquemas e como tal possuem as
características básicas dos esquemas, tais como o de necessitarem de um
estímulo interno ou externo para serem ativados e conservarem-se na memória a
longo termo.
Aprende-se algumas
coisas pela experiência, onde exercita-se o potencial de inferir a partir de
tentativas e erros. Aprende-se, também, por imitação e por treinamento, mas em
todas estas formas de aprender, o aprendizado dá-se pela fixação de um conjunto
de informações na memória, informações estruturadas e relacionadas a outras,
portanto, informações organizadas – representações mentais.
Os modelos
conceituais são delineados, projetados, por sujeitos que usam modelos mentais,
para facilitar a compreensão de sistemas físicos por parte de outras pessoas
que também utilizam modelos mentais. No ensino, o professor utiliza-se de
modelos conceituais e espera que o aprendiz construa modelos mentais
consistentes com estes modelos conceituais que, por sua vez, devem ser
consistentes com os sistemas físicos modelados. Os modelos conceituais são,
portanto, instrumentais, meios e não fins. O objetivo da aprendizagem é,
através de modelos conceituais, levar o aprendiz a formar modelos mentais
adequados – consistentes com os próprios modelos conceituais – de sistemas
físicos. Ou seja, a mente humana opera só com modelos mentais, porém, modelos
conceituais podem ajudar na construção de modelos mentais que explicam e
predizem consistentemente com o conhecimento aceito em uma certa área.
A construção de
Mapas Conceituais pode ser uma das estratégias cognitivas que conduzem à
aprendizagem, pois objetiva desenvolver nos aprendizes a capacidade de aprender
acerca da aprendizagem humana, da natureza do conhecimento e das possibilidades
de elaboração e produção colaborativa de conhecimentos. As experiências
individuais, interativas e colaborativas vividas por este grupo de pesquisa
comprovaram a aquisição de um grau maior de riqueza intelectual entre seus
participantes, bem como confirmaram a possibilidade de melhor exposição e
apreensão do conhecimento produzido pelo grupo.
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